-SERVAMARA-
Eu não fui a flor que enfeitou o seu jardim; eu não fui o vento que acariciou o seu rosto; eu não fui a água que lentamente limpou o seu corpo; eu não fui o livro que vorazmente você leu e te seduziu, encantou; eu não fui a paisagem, a imagem plena, que deteve o seu olhar inconstante, em sempre, se deter em novos horizontes; eu não fui a gatinha que se enroscou em suas pernas e quedou-se aos seus pés, cativa, saciada, feliz, por você ser o seu fiel zelador, dono; eu não fui a sua co-piloto de viagens prazeirosas, rumo ao porvir, eternidade; eu não fui o seu cobertor nas noites frias; eu não fui o lenço que enxugou as suas lágrimas; eu não fui a mão que te afagou, te acalentou, te levantou; eu não fui a gravata ungida, regada pelos meus clamores, que ornou o seu paletó; eu não fui a sua namorada, aquela que você declamou uma poesia de amor na Praça de Vínicius de Moraes; eu não fui a voz que você quis ouvir; eu não fui a sua amiga, aquela, por quem você ansiou conversar, desabafar, ter sempre por perto; eu não fui o seu porto seguro, pra você sempre aportar, descansar; eu não fui a mulher que você esperou encontrar...
Perdas, sem os ecos do teu ser, eu não fui o amor que avidamente quis te entregar!
'Eu quis ser um sol pra você e fui um pálido reflexo eclipsado!'
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