Eu não quero compartilhar, apenas, a graça de ser uma mulher, uma amiga, ficar ao lado de vocês; mas eu quero compartilhar com todos a mesma graça que Deus, em Cristo Jesus, me legou, imerecidamente, sendo ainda uma vil pecadora.
Por isso, te digo os seus muitos pecados lhe são perdoados, porque muito amou; mas aquele a quem pouco é perdoado pouco ama. (Lucas 7:47)
Não tem jeito, quando chega o mês de dezembro, o final de ano, por mais não queiramos, não podemos mais adiar o encontro com nós mesmos. Comprei minha nova agenda, que também me servirá de diário, e já começo a pensar... Quais os desafios que este novo ano me legará? Obviamente, se o Senhor me abençoar e me legar vida, saúde e perseverança de continuar na minha lida diária.
Sendo assim, já estou em marcha lenta, em retrospectiva; procurando aparar arestas, manter contato com o distante mais próximo, distante!
E comecei a meditar na minha adolescência, que eu e meus familiares frequentávamos assiduamente o Clube Português; quando estávamos lá, já nos sentíamos em casa, conhecíamos a maioria das pessoas, moradores do nosso bairro, e tínhamos um ciclo de amizades. Era tão bom os momentos vívidos nesse local de lazer e alegrias, muitas festas, muitos bailes de formatura, e até foi realizado um Festival Nacional de Hóquei no gelo. Ficamos tão empolgadas ( eu, minhas irmãs, primas e amigas) por vermos de perto aqueles rapazes tão velozes, tão ágeis, e o melhor é que eles não caíam, se equilibravam tão perfeitamente. Eu não entendia, como eles conseguiam tal proezas. Como eu admirava e torcia por eles.
A pista de gelo ficou disponível, vários dias, para nós, eu tentei patinar, constantemente ficava me segurando nas balaustradas, com medo imenso de cair; e isso ocorreu, mas não foi nada grave, como aparentemente eu até pensava, temia...
Inúmeras vezes, tombei, tropecei; mas me levantei com mais força!
E com essas recordações tão prazerosas sobre esses acontecimentos, percebo e constato que assim é a nossa vida, como uma pista de gelo; somos como adolescentes ou até crianças, que ainda não sabemos patinar com perfeição, e caímos, levamos vários tombos, tropeçamos. Entretanto temos confiança que o Senhor nos ajuda, nos sustenta, estende a Sua mão e nos levanta; assim como, muitas vezes, minhas irmãs faziam comigo, me davam a mão para eu me levantar após uma queda.
Ainda que caia, não ficará prostrado, pois o Senhor o sustém com a sua mão. (Salmos 37:24)
Nós jamais devemos nos alegrar ou escarnecer quando vemos alguém caindo, tropeçando diante dos desafios da vida; pois este ato tão vil pode provocar a ira de Deus. Jamais devemos desejar a derrota do nosso próximo, ou torcemos contra ele, que ele caia, tropece e se dê mal. Devemos sempre estender as mãos e ajudá-lo a se levantar; olhá-lo com compaixão, pois é assim, que o Senhor age conosco, com compaixão, paciência e inesgotáveis benignidades.
Porque sete vezes cairá o justo, e se levantará; mas os ímpios tropeçarão no mal.
Quando cair o teu inimigo, não te alegres, nem se regozije o teu coração quando ele tropeçar; (Provérbios 24:16-17)
Ó inimiga minha, não te alegres a meu respeito; ainda que eu tenha caído, levantar-me-ei; se morar nas trevas, o Senhor será a minha luz. (Miquéias 7:8)
Eu me lembro quando fazia as minhas tentativas de patinar com perfeição, eu ficava olhando para as arquibancadas, sempre buscando o apoio de alguém, poderia ser apenas um sorriso, um olhar, seja sobrevindo de uma pessoa conhecida ou desconhecida. Mas que demonstrasse, naquele momento, afeto, união e não julgamento, crítica, pela minha inabilidade de patinar ou ter boa performance.
Creio, tenho inabalável fé, que o nosso amado Pai sempre está nas arquibancadas das nossas vidas. Ele é Aquele que aplaude, incentiva, torce, acena, sorri e nos olha com carinho, orgulho e afeto. E quando nós caímos, Ele é o primeiro a Se levantar, correr, estar ao nosso lado, nos consolando, estendendo as Suas mãos, nos erguendo. E nos incentivando a tentarmos mais uma vez.
Esta é a nossa maior vitória: Sermos amados por Ele!!!
Também é muito valioso quando este incentivo provém do ser amado; quando estamos doentes, fracos e debilitados, e mesmo assim, a pessoa jamais nos abandona. Deixo para vocês um vídeo com uma música maravilhosa tema do filme: ''Love Story'', que assistir, inúmeras vezes, na minha adolescência, e sempre chorava copiosamente, vendo e revendo inúmeras cenas de demonstrações de amor e de solicitude do ser amado perante a sua amada.
Ontem, de tarde, abrindo a janela do meu quarto me surpreendi observando os três pintores dando os retoques finais na fachada do nome da empresa de vigilância em frente do meu edifício; e como está bonito de se ver o resultado do trabalho primoroso deles. Foram vários dias, eles linchando toda extensa área externa da casa, depois colocando massa para corrigir as imperfeições, aí sim, eles começaram a pintar com muita dedicação, o efeito agradou demais a mim, uma observadora atenta, que eles nem sequer podiam cogitar, mesmo eu não tendo nenhuma ligação afetiva ou comercial com essa empresa.
Com certeza, não somente eu, observava atentamente ao desempenho deles, mas também o nosso Pai amado Deus, e o quanto Ele deve ter ficado satisfeito com o desempenho dos seus filhos. Na verdade tudo que eles fizeram, mesmo se eles não meditem sobre essa preciosa verdade, é para a glória de Deus.
E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como ao Senhor, e não aos homens, (Colossenses 3:23)
Olhando absorta eles trabalhando, comecei a meditar sobre outro assunto correlacionado a essa observação-- chego a conclusão que quando comemoramos um ano novo ou mais um ano de vida (aniversário), sempre fazemos, a nós mesmos, promessas de mudanças, desafios a enfrentar, sonhos a realizar.
Muitas vezes escrevemos em nossas agendas, em nossos diários, os alvos e os objetivos que queremos tanto alcançar...portanto é dessa vez...mãos à obra...
Ouvirei mais a Deus e farei calar outras vozes que me desviam e me impedem de ouvir com nitidez as Suas orientações, a Sua vontade revelada ao meu respeito.
Na dúvida me abstenharei de tomar decisões impensadas e precipitadas; esperarei com paciência o tempo de Deus, não o meu, para que os meus projetos sejam adequadas com os dEle, com a Sua parceria e anuência. Assim como eu observei a parceria harmoniosa dos pintores trabalhando.
Terei muito cuidado com meus atos que podem, num segundo apenas, afetar a vida de uma outra pessoa de uma maneira impactante, e até devastadora; sem ao menos, eu perceber ou aquilatar as consequências dessa interação! Sendo assim, tenho de ter muita sabedoria de interagir e me relacionar com meu próximo.
''Toda ação de nossa vida toca alguma corda que vibrará na eternidade''. (E.H. Chopin)
Eu me circundarei mais profusamente de flores, de passarinhos, da brisa tão refrescante e contagiante da orla onde eu moro; andarei mais, sorrirei mais, mesmo que seja para pessoas que nunca vi antes.
Terei como propósito, diário e árduo, enxergar a qualquer irmão que cruze o meu caminho como Cristo sendo revelado através desse contato; os enxergando assim, jamais cometerei equívocos, enganos, desrespeitos ou desentendimentos.
''Assim que não nos julguemos mais uns aos outros; antes seja o vosso propósito não pôr tropeço ou escândalo ao irmão''. (Romanos 14:13)
Aceitarei com resignação, e sem murmurações, ser disciplinada por Deus, afinal, qual é o pai que não disciplina o seu rebento?
''E, na verdade, toda a correção, ao presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas depois produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela''. (Hebreus 12:11)
Continuarei persistentemente a não brincar com a tentação, nem a afagarei, fugirei dela como estando diante de uma víbora maligna e bem venenosa; lançando-a ao fogo, ao crivo da verdade!
''Mas, sacudindo ele a víbora no fogo, não sofreu nenhum mal''. (Atos 28:5)
Algo que aprendi, as duras penas, nesse ano que está terminando, e que pretendo, a cada dia mais, aprimorar e praticar...o desapego de mim mesma, de tudo e de todos!
Abdicar de ter coisas que não preciso, nem muito menos, são imprescindíveis para a minha existência;ausência de ter me faz ser mais leve e feliz!
''Não possuir algumas das coisas que desejamos é parte indispensável da felicidade''. (Bertrand Russel)
Como uma iniciante aprendiz de pintora, como parceira de Deus, estou pincelando lentamente, dia após dia, queda após queda, tropeço após tropeço, lição após lição, a verdade visível, praticada e revelada, que Deus me predestinou a SER na Sua imaginação!!!
Poucos dias nos separam de um novo ano, e nesta época, geralmente resolvemos fazer um grande faxina em nossas casas. Deixando tudo limpo, tudo organizado para as confraternizações familiares, e também aproveitamos para nos desfazer de inúmeras coisas que não nos servem mais, que só acumulam pó, sujeira (caixas de papelões, jornais, revistas, extratos bancários, faturas de cartões, papéis diversos, etc). E aproveitamos essa ocasião para separarmos roupas, sapatos, para doarmos para pessoas carentes, instituições de caridade.
Me lembro das palavras de minha querida mãe, uma exímia dona de casa, que sempre falava e me alertava...''Se você quer que a sua casa fique limpa e bem arrumada, comece a faxina pelos quartos, depois os banheiros, a cozinha e a área de serviço, e por último, a sala de visita''. E sempre, na prática, comprovei as suas sábias palavras, sugestões. A faxina ficava impecável.
Então comecei a pensar...que é louvável, nós arrumarmos nossa casa, fazermos uma faxina nela; entretanto o mais importante e imprescindível é fazermos uma faxina na nossa alma...
Começando pelo meu quarto, quantos momentos prazerosos vividos lendo a Bíblia e outros livros correlacionados com a Palavra de Deus; quantos orações, clamores, quantas lágrimas derramadas, quantas palavras escritas nos meus diários.
Afinal o quê me entristeceu ao ponto de eu derramar copiosas lágrimas? Tenho de descobrir as razões e tentar expurgar para bem longe de mim...assim como, expurgo os lixos dos banheiros e da cozinha, e limpo as poeiras dos móveis e dos guarda-roupas.
Limpando as janelas do meu apto, olhando o mar, quantas vezes, agradeci a Deus, por estar viva e gozar de tal benesse de ter olhos para enxergar tão estupenda paisagem. Olhar o céu, e ao alcance das minhas mãos, brincar com as nuvens, algodões disponíveis, para salpicarem, não, pós de arroz, mas os sonhos translúcidos e coloridos na minha face e na minha imaginação de criança sonhadora e sapeca!
Quantas inspirações sobrevindas apenas eu lavando as louças, cortando as verduras, as frutas; as saladas de frutas preparadas sendo regadas pela doçura do marshmalhow, das palavras reveladas gratuitamente pelo Espírito Santo.
Não espaneias poeiras (pelos) do amor espalhadas por todos os lugares-- a presença do meu dileto e preciosíssimo gatinho que deixa as marcas de sua presença encantada revelada!
Limpei, com esmero e cuidado, os meus álbuns de retratos, guardei e fechei a sete chaves as recordações; pois ninguém as pode roubar de mim. Como meu pai proferiu, uma certa vez,''não deixeque o vento do tempo leve o amor do seu pai''. Nunca permitirei que isso aconteça, meu amado pai que partiu!
Ah, o meu baú, que não tem dotes, mas tem potes repletos de ouro delineados pela minha persistente escrita nos meus inúmeros diários-- arco-íris-- sempre perene dos meus sonhos, sentimentos e inspirações.
Quantas vezes, neste ano, fiquei na sala de visita, ouvindo músicas, pensando, sonhando, transcendo ao aqui e agora; foram momentos prazerosos, intensos e tão marcantes.
As chaves balançam levemente penduradas na porta...me incentivando a sair, a viver, a passear...apenas um passo de mim, o meu mundo interior se expande lá fora ao eu girar uma simples chave...
Assim é a vida, assim é o ano novo que já está prenunciando a sua iminente chegada; tenho de deixar o meu apto arrumado, a minha alma limpa, purificada e livre, para receber o convidado mais ilustre e esperado: Jesus Cristo!
''Uma vezque Cristo olhou para mim, meu coração não é mais meu. Meu coração fugiu para o céu com ele''. (Samuel Rutheford)