Alguns dias atrás, tenho pensando muito em algo que aconteceu comigo na minha infância; quando era pequena, devia ter uns sete anos, eu era muito travessa, só vivia levando tombos, correndo, brincando demais, parecia um menino. Não gostava de brincar com as minhas bonecas, preferia brincar de Batman e Robin; lógico que eu era Batman e eu tinha um amiguinho, bem mais novo do que eu, que era Robin; e era o meu parceiro das minhas andanças, lambanças.
Ele morava no mesmo prédio que eu; então nos encontrávamos, quase todos os dias, para brincar; tudo que eu mandava ele fazer, ele obedecia, e era muito engraçado a nossa amizade e interação. Só que teve uma determinada situação que se inverteu o comando; e ele me desafiou a algo, muito mais do que uma simples brincadeira...
Tinha um segurança que ficava com o carro parado em frente à casa de um deputado, ao lado do nosso edifício; e meu amiguinho descobriu que ele tinha um cassetete com ele; e constantemente ele ficava cochilando...
Então meu amiguinho me propôs...eu arrancar o cassete dele enquanto estivesse dormindo. E eu obedeci, conseguir realizar tal feito, só que resolvi fazer algo mais inovador. Bati com o cassetete com toda força no seu carro para ele acordar. E quando isso ocorreu, ele foi atrás de nós, e eu e meu amiguinho corremos em disparada para o nosso edifício.
Cheguei esbaforida no meu apto, entrei sem dizer nada para minha mãe do ocorrido, e me escondi debaixo da cama dela. Fiquei com medo das consequências do meu ato tão atrevido!
E o segurança descobriu onde eu morava, e foi falar com minha mãe, contando toda situação; e obviamente ela me puniu rigorosamente: não podia descer para brincar, não podia assistir televisão por um determinado tempo; e depois ainda tive de ouvir as advertências de meu pai, que me deixou cabisbaixa e muito envergonhada. Não pude fugir das penalidades infligidas a mim. Fiquei triste, zangada e de castigo!
Relembrei dessa situação, porque fiz uma correlação com ela, com outras situações que já vivi na minha maturidade; desta vez, quem me aplicou as penalidades cabíveis foi meu Pai amado; e mesmo eu confessando as minhas iniquidades praticadas, não pude me esquivar das consequências dos meus vis atos.
E fiquei de castigo, e novamente, não aceitei bem a forma dEle me ensinar, educar a ser obediente, sábia, cordata e prudente. Alguns momentos eu fiquei profundamente triste, chorei muito, me culpei, me impus mais castigos; outros momentos eu fiquei zangada com Ele, comigo mesma, e com o mundo ao meu redor.
Só depois de muito penar e sofrer; aceitei a conviver com o quarto estreito e apertado em que me encontrei, ao dizer ''sim'' aos meus desejos contrários aos santos desígnios de Deus. E também comecei a assimilar as lições que o Senhor queria que eu aprendesse com a Sua disciplina, com a Sua demonstração de amor, de graça e de misericórdia. Pois nada O impedia de desistir de mim, e me exterminar-- bem merecidamente, a punição seria para mim!
Não teria nada que reclamar ou tentar me defender...mas a misericórdia foi maior do que o juízo; e sou eternamente grata ao meu Pai por estar viva, escrever e dar o meu testemunho. Também, eu tenho de ser grata por Ele ter me agraciado com pais, que me educaram, e me puniram de acordo as minhas traquinagens.
Porque o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia; e a misericórdia triunfa do juízo. (Tiago 2:13)
Recomendo a todos que leiam o livro: ''Mais Perto de Deus-Lições da Vida de Moisés- de Erwin W. Lutzer; o escritor aborda sobre este tema, logo no primeiro capítulo, narrando e ressaltando a situação que Moisés viveu e provocou quando matou o egípcio que maltratava o seu conterrâneo, e ele ficou irado ao presenciar tal cena. Mesmo assim, não foi benquisto por sua atitude em prol de seu povo; e teve de fugir para não ser preso e morto pelo Faraó. Ficando durante 40 anos de castigo, sofrendo as consequências do seu ato. Vendo o seu sonho se esvair nas areias escaldantes do deserto, tudo por sua precipitação, em achar que tinha chegado o momento de ser o líder que libertaria o seu povo do jugo opressor do Faraó e da escravidão.
Eu também vi meus sonhos se esvaírem como areia nas minhas mãos...mas creio que algo bem melhor o Senhor me agraciou e colocou no meu coração: a temê-Lo, honrá-Lo e amá-Lo mais do que qualquer sonho, do que qualquer pessoa, do que qualquer bem, ou do que qualquer situação, inclusive, quando for da Sua soberana vontade, me colocar de castigo no quarto estreito e apertado.
Porque o Senhor repreende aquele a quem ama, assim como o pai ao filho a quem quer bem. (Provérbios 3:12)
Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija? (Hebreus 12:7)