Neste zigue-zague imobiliário...A primeira vez é bom demais, tudo é novidade; a segunda vez, continua sendo esperança de aconchego, de bons momentos para serem vividos na nova residência; a terceira vez é como se voltasse ao passado, novamente, voltando para casa; a quarta vez é um alívio, descanso, para a situação anteriormente vivida; a quinta vez, finalmente a minha segunda casa própria; a sexta vez é um sufoco, uma fuga, deixando pra trás todas as recordações; a sétima vez, alheio a minha vontade, contrato de aluguel vencido, sem opção, a não ser juntar todos trapinhos, e em tempo recorde, me mudar mais uma vez...Voltando as minhas origens, ao bairro que vivi durante toda a minha infância, adolescência e maturidade.
Reconheço que estou cansada de ser errante, de ficar me mudando; e para intensificar esses sentimentos e sensações ainda encontro uma pessoa, também do meu passado, para me indagar...''Onde eu estou morando?'' E quando respondo, ela me diz com espanto: ''Você parece cigana só vive se mudando''. O que poderia responder, a não ser...''Ah, é...Você tem toda razão com sua colocação!''
Continuo pensando sobre esse assunto e percebo que a cada nova mudança me traz uma nítida e estranha sensação de não pertencer a mais nenhum lugar nesta densa esfera terrestre!
A verdade é que sinto falta do meu Lar Celestial e do meu reencontro com meu Pai amado. Lá estarei verdadeiramente satisfeita, em paz, sem mais mudanças abruptas, no aconchego familiar por toda eternidade.
Enquanto isso não ocorre me sinto um pouco igual a uma criança birrenta que se queixa ao seu pai as razões da nova mudança, que ela sente falta da sinfonia dos pássaros lá na varanda; e agora tem de conviver com os barulhos dos freios dos carros e dos ônibus circulando na avenida principal próximo de onde ela mora; mesmo sendo agraciada com uma visão espetacular do mar, da imensidão da orla...
''Na verdade, Senhor, quero encontrar um sentido para esta nova mudança; estava tudo tão bom e prazeroso na minha antiga morada?
Pois, o Senhor sabe como eu não aprecio mudanças repentinas igual a esta!
O Senhor sabe que sou igual a uma esponja absorvendo até a última gota do lugar que estou inserida e me deleito!"
E ouço o sussurro manso e suave do meu Pai amoroso, mui terno e paciente me respondendo...
''Você já absorveu tudo daquele lugar; agora teve de partir...Você quer ser como uma esponja seca sem nenhuma utilidade ou serventia?''
Como uma criança envergonhada e submissa, me calei diante da verdade revelada pelas palavras proferidas...agora só me resta aguardar as surpresas que virão diante do desconhecido que se descortina diante de mim...
A noite é longa demais mais uma vez...e a esponja está novamente molhada pelo orvalho da graça de Deus!
Porque somos estrangeiros diante de ti, e peregrinos como todos os nossos pais; como a sombra são os nossos dias sobre a terra, e sem ti não há esperança. 1 Crônicas 29:15
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