Tempo chuvoso, nuvem passeia pelo céu; algodão ora cinzento, ora branquinho, disponível , pra quem quer limpar a visão, desanuviar o coração; casa arrumada, mesa posta, cheiro gostoso de café paira no ar; as plantas adornam a sala e a janela; um gatinho manhoso, dorminhoco, se espreguiça espalhado no sofá; a música bem baixinho inspira a pensar, meditar e sonhar,
Simplicidade de viver sem ter o que temer!
Convido a todos comungarem comigo a tal felicidade; entrem sem bater; a chave da porta dormita na entrada do meu cantinho, embaixo do tapete.
'Não há ninguém que já não tenha sido tocado em algum lugar pela alegria, de modo que, para torná-la real para nós, para mostrá-la, seria suficiente para Jesus simplesmente lembrar-nos dela, lembrar-nos dos momentos de alegria em nossas próprias vidas. Mesmo assim, não é fácil, pois ironicamente esses momentos são os que geralmente não associamos com religião. Tendemos a pensar que a alegria não é propriamente religiosa, mas até mesmo oposta à religião. Tendemos a pensar que a experiência religiosa consiste em sentar-se imóvel e antisséptico e um pouco entediados e que alegria é riso e liberdade e braços estendidos para abraçar a Terra enorme e impressionante e que é tão bela que às vezes parece quase explodir os nossos corações. Precisamos ser lembrados que em sua âmago o Cristianismo é alegria e que o riso e a liberdade e o abraço são a sua essência. Precisamos ser lembrados também que a alegria não é o mesmo que felicidade. Felicidade é construída pelo ser humano — um lar feliz, um casamento feliz, relacionamentos felizes com nossos amigos e em nosso lugar de trabalho. Isso exige esforço e, se formos cuidadosos e sábios e se tivermos sorte, podemos conseguir. A felicidade é uma das mais nobres realizações a que somos capazes, e quando a conseguimos, recebemos o crédito por ela, de modo até apropriado. Mas nós jamais podemos receber crédito por nossos momentos de alegria, pois sabemos que eles não são realizados humanamente e jamais seremos realmente responsáveis por eles. Eles vêm quando vêm. São sempre repentinos e breves e irrepetíveis. Às vezes a alegria inexplicável de apenas estar vivo. O milagre às vezes de sermos apenas quem somos debaixo do céu azul e sobre a grama verdejante, os rostos dos nossos amigos e as ondas do mar, sendo apenas o que eles são. A alegria de relaxar, de sentir-se bem repentinamente quando havíamos estado doentes, de ser perdoado quando antes nos sentíamos envergonhados e com medo, de nos sabermos amados quando antes estávamos perdidos e sozinhos. A alegria de amar, que é uma alegria tanto da carne quanto do espírito. Entretanto, cada um de nós pode prover-se de seus próprios momentos, pelo menos em duas coisas mais. Um é que a alegria é sempre abrangente; não há nada mais em nós para ser odiado ou temido, para sentir-se culpado ou ser egoísta. A alegria é onde o ser inteiro aponta para uma só direção, e é algo que por sua natureza o homem jamais pode acumular, mas sempre repartir. Segundo, a alegria é um mistério porque ela pode acontecer em qualquer lugar, em qualquer tempo, mesmo sob as circunstâncias mais complicadas, mesmo no meio do sofrimento, com lágrimas nos olhos. Mesmo pendurado a uma cruz'. (Frederick Buechner).
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