Uma laranja só é saboreada plenamente quando são digeridos todos os seus gomos; assim como o amor ao nosso próximo, só é demonstrado incondicionalmente, quando temos verdadeira compaixão não só pelo estado físico dele e sim pelo estado de sua alma; não podemos usar as pessoas e descartá-las e jogá-las fora como laranjas podres no lixo. Essa atitude ecoa por toda eternidade; um dia daremos conta por nossos atos e por termos sido uma pedra de tropeço na vida de outro ser, ocasionando perdas e incalculáveis sofrimentos.
Enquanto uma alma geme em consequências dos nossos atos vis e insanos, não podemos deixar de ouvir os ecos dos seus sofrimentos na nossa consciência, ainda não totalmente cauterizada-- não é apenas mais uma vítima, mais uma presa, mais um troféu, mais uma brincadeira--mesmo que queiramos nos enganar e dizer que está tudo resolvido, esquecido, que é puro masoquismo da vítima, lesada, tripudiada e enganada, enfim acabou e é passado.
O odor de uma laranja jogada no lixo ainda nos atinge à distância; uma sujeira desnecessária e aviltante que ainda daremos conta um dia!
''Não há nada mais forte que a compaixão. Nem a sua própria dor pesa tão forte como a dor que se sente por alguém amplificada pela imaginação e prolongada por centenas de ecos''. (Milan Kundera)
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