A nossa vida é uma sucessão de perdas; cada pessoa amada que se vai, leva muito de nós, e após a sua partida, jamais seremos o que erámos anteriormente. Temos de viver e aprender a conviver com o (a) desconhecido (a) que eclode dentro de nós, agora desacompanhado (a) bem longe do ente dileto e tão benquisto.
Compartilho as reflexões tão tocantes, sensíveis e verdadeiras do escritor cristão C. S.Lewis após a morte de sua esposa Helen Joy Lewis.
'Talvez aqueles que se viram privados de alguém devessem ser isolados em lugares especiais, como acontece com os leprosos''. p. 37
''Câncer, câncer e mais câncer. Minha mãe, meu pai, minha mulher. Perguntou- me quem será o próximo na fila'' . p. 38
''Uma boa esposa traz muitos ''eus'' dentro de si. O que H. não foi para mim? Ela foi minha filha e mãe, minha aluna e mestra, minha súdita e soberana. Era uma perfeita combinação: minha confidente, amiga, companheira de bordo. Minha amada, mas, ao mesmo tempo, tudo o que nenhum amigo (e olha que tenho bons amigos) jamais foi para mim. Até mais. Se nunca nos tivéssemos apaixonado, é bem provável que, mesmo assim, estivéssemos sempre juntos e nos tornássemos alvo de mexericos''. p.69
''E, então, um ou outro morre. E pensamos nisso como um amor que foi podado; como uma dança interrompida quando começava a evoluir, ou como uma flor com seu botão bruscamente arrancado --algo mutilado e, portanto, deformado''. p.71
''A dor da perda é como um grande vale, um vale sinuoso que a cada curva pode revelar uma paisagem totalmente nova''. p.77
''Será que você teve consciência, querida, do quanto levou consigo quando partiu? Você me privou até de meu passado, até das coisas que nunca partilhamos. Eu estava errado em dizer que o coto estava recuperando-se da dor da amputação. Enganei-me porque ele tem tantas formas de ferir-me, que eu as descubro apenas de cada vez'. p.78
(Extraído do Livro: A anatomia de uma dor -- Um Luto Em observação -- C. S. Lewis)
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