sexta-feira, 4 de outubro de 2013

COMO CRESCER, SER ADULTA DÓI...



Como crescer, ser adulta dói... deixar de lado, a simplicidade de pequenos detalhes, que nos encantávamos, e não cansávamos de olhar, observar, afagar; aquele bichinho de pelúcia que era o meu maior confidente, fonte de afagos, abraços...

A gaiola que ficava vazia apenas de enfeite,  sem eu ter coragem de aprisionar o belo pássaro que pousava na janela, que todos os dias, me agraciava com uma maviosa cantoria; sempre me inspirando a devanear e a escrever em meu diário.

As flores que perfumavam o ambiente do meu quarto, da nossa casa; e que me alegrava demais, pois sempre me lembravam as festas, as datas comemorativas, amor exalando perfume;  pois meu pai sempre alegrava a minha mãe trazendo flores para ela.

Como eu era inocente em pensar que ser adulta era apenas usar a maquiagem de minha mãe, usar as suas bijouterias, usar os seus vestidos, e o melhor desfilar,  para cima e para baixo, com os seus sapatos altos; era tão feliz em apenas imitar a minha mãe.

Apreciava demais ficar me olhando no espelho, e a cada dia,  perceber que estava crescendo, empinava os meus pés, só para ver como eu seria mais alta, mais crescidinha; também amava arrumar a minha mala sem ter nenhuma perspectiva de viajar; e a desarrumava inúmeras vezes, começando tudo de novo, sorrindo e me alegrando.

Como era bom  ter alguém para me inspirar, espelhar;  pensando que o fato de bisbilhotar a sua frasqueira, o seu guarda-roupa,  fosse o passaporte,  maior garantia,  para eu ser uma bela mulher, bem sucedida, amada,  igual a minha mãe.

Como crescer, ser adulta dói...sem ter mais alguém, pra me inspirar, imitar, amar,  com a mesma simplicidade de uma criança...

Minha mãe, já morreu, e os seus pequenos tesouros, a minha disposição,  não existem mais...no meu mundo de criança desencantada, com o meu sonho realizado, de ser adulta!
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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