Como pôde acontecer o inacreditável, o inesperado; você ler uma simples mensagem postada na página de um amigo, e de repente, as escamas caírem dos seus olhos; e você perceber o quanto foi tola, o quanto perdeu tempo, exatamente seis anos preciosos de sua vida, alimentando uma ilusão; se martirizando por um sentimento que nunca existiu, que você tentava a todo custo encaixá-lo ao modelo, ao sonho almejado de um amor verdadeiro.
Ontem, eu mesmo me proporcionei uma catarse, libertação de mim mesma!
Eu confesso que tinha uma visão distorcida sobre o amor entre um homem e uma mulher; nunca tive um amor que me dignificasse, enobrecesse, alegrasse, acrescentasse, multiplicasse; reconheço que estava apenas sendo masoquista; persistindo numa doença sem procurar a minha cura; quer dizer eu mesma, pelo meu próprio desejo, me libertando, sendo o meu remédio; não buscando em outro ser a minha cura, o meu analgésico, um calmante entorpecedor para não sentir mais dor, saudades de meu pai.
Creio que isso tudo ocorreu após a morte de meu pai, momentos, nos quais eu fiquei tão fragilizada, entristecida, pois eu tinha perdido o meu amado amigo, maior incentivador; então conheci alguém, e instantaneamente, sem eu mesma aquilatar ou perceber, fiz uma transferência de todo o meu afeto para essa pessoa; na verdade quis compensar essa perda que eu tive; hoje sei que meu pai está morto, foi único e especial, e jamais terá outro igual a ele; não posso alimentar uma ilusão, como fiz antes, de me sentir bem com uma outra pessoa, buscando sentir as mesmas sensações que sentia com meu pai--cumplicidade, comunhão, amizade, etc.
E sem querer agindo assim, invés de ter alívio, consolo, acrescentei a minha dor, mais sofrimentos; pois a pessoa que eu julgava amar, não se assemelhava em nada ao meu amado pai; apenas fantasias minhas.
Também sei quem ama, ama por amar, sem esperar retribuição, reciprocidade; e todo o tempo que julgava amar esse homem, procurava o seu amor, a retribuição; enfim tudo errado, nada se encaixando!
Antes da morte de meu pai eu não era ainda cristã, só após a esse acontecimento tão doloroso para mim; fui buscar conhecer a Deus, ter uma verdadeira comunhão com Ele, em Cristo Jesus.
Agradeço muito ao Espírito Santo em ter me guiado, ontem, a página desse amigo, para eu ler e reler a sua mensagem diversas vezes, ao ponto de copiá-la para mim; só para de noite, ficar lendo-a de novo; e cada vez que eu lia, mas sentia a verdade sendo revelada naquelas palavras; sei que meu amigo, foi apenas um instrumento que Deus usou para me exortar, ensinar, revelar essa preciosa verdade.
Hoje, nesta manhã, percebo que não sou mais a mesma mulher, estou esvaziada, livre; não para buscar uma outra ilusão; mas sim para saber conviver comigo mesma, sabendo lidar com as minhas perdas; tenho ainda tantas coisas para realizar e concretizar em minha vida; mas também sei se for da soberana vontade de Aba Pai encontrarei alguém que eu possa amar verdadeiramente; mas de uma maneira saudável, alegre, mesmo sem ter nenhuma retribuição; mas creio, na fé, que tudo que procede dEle não vem incompleto; e sim totalmente abençoado, impregnado de amor, paz, sendo assim amarei e serei amada.
Perdoo a mim mesma e também perdoo a pessoa que eu julgava amar; ambos fomos envolvidos por uma densa neblina de ilusões, apenas isso, nada mais.
Estou livre, pássaro que voa, após a queda, a asa partida, os predadores ao meu encalço; mas estou viva, graças e a misericórdia de Deus, em Cristo Jesus; que me deu uma nova chance de viver e gozar da liberdade, alegria de voar...
'Não cabe ao poeta salvar almas dos homens, mas cabe-lhe torná-los dignos de salvação.' (James Elroy Flecker)
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