sexta-feira, 8 de novembro de 2013

EU VOU APRENDER A NADAR


 
Ontem, assistir um filme tocante,' A Vida Secreta das Palavras', um drama muito bem elaborado, sobre uma enfermeira, com um passado turbulento e sofrido, que vai cuidar de um homem que está ferido, com diversas queimaduras pelo corpo e com a perda parcial da visão; e que está acamado numa plataforma petrolífera desativada e abandonada em alto mar, depois de uma explosão, incêndio; aguardando, em poucos dias, o seu resgate.
 
O filme me cativou por diversos motivos: a trilha sonora é maravilhosa, com músicas inesquecíveis, as interpretações são primorosas dos atores; diálogos profundos cheios de revelações, catarses e comunhão; como se você também estivesse participando com eles nos diálogos, foi essa sensação que eu tive o tempo todo, que eu poderia ser qualquer um dos personagens do filme; as paisagens são belíssimas da imensidão do mar; o interessante é que esse filme nos revela a rotina dos trabalhadores de uma plataforma petrolífera, e também como são bem ocupados os espaços físicos dela.
 
Cenas maravilhosas, como a de dois trabalhadores dançando na chuva; jogando bola; conversas interessantes sobre a função oceonógrafo numa plataforma, e a sua ímpar sensibilidade na preservação do meio-ambiente; algumas cenas de um ganso andando em alguns ambientes.
 
Mas o que mais me chamou atenção é que mesmo diante das dores, da solidão que os próprios personagens se impõem a si mesmos; o amor encontra brechas para se revelar, tocar, contagiar, alegrar; e também a provocar trocas de confidências e transformações na maneira de ser de cada um dos personagens, e a partir dos momentos compartilhados jamais serão as mesmas pessoas.
 
No amor não importa o nome da pessoa amada,  podemos inventar, sonhar, criar, podemos chamá-la de qualquer nome, ora Cora, ora  Hannah, ora Mara...o que importa é a revelação da alma que aquele corpo abriga; quando percebemos que a nossa simples presença é motivo de alegria, de cura e libertação do que a tolhia. Quando esquecemos de nós mesmos, para se entregar totalmente ao outro; e a partir desse momento tão especial, não somos mais eu, você, e sim, nós; outro ser que se revelou através da nossa comunhão e do nosso amor.
 
E esse ser jamais pode ser esquecido, desprezado ou abandonado; pois se isso ocorre, retornaremos a estaca zero de novo; aquela mesma vida rotineira, sem atritos, mas também sem amor, crescimento, comunhão. O amor precisa exercitar os seus músculos na abnegação, na entrega, no sacrifício, na humildade, no prazer em servir, sem almejar ser só servido.
 
Deixo para vocês uma palavras de um diálogo especial entre os dois personagens, um homem e uma mulher, ambos feridos, machucados, mas  que se encontram, e não podem, e nem devem mais viver  um longe do outro;  mesmo que tenham de abrir mão de seus achismos, egoísmos, cedendo, convivendo com as negritudes e as feridas ainda tão recentes um do outro.
 
Eu posso chorar, chorar, falar, falar...  e você pode me ouvir, ouvir, e aprender a nadar; o nosso amor é a balsa segura que nos leva de volta à margem, após uma tempestade.
 
 
 
 
 
'Vou começar a chorar tanto, que nada nem ninguém vai me fazer parar.
 
As lágrimas vão encher o quarto, não vou conseguir respirar...
 
Vou levar você para o fundo comigo, e nós dois vamos nos afogar'.
 
 
'Eu vou aprender a nadar...Eu juro que vou aprender a nadar...'
 
 
 (Trechos de um diálogo do filme: A Vida Secreta das Palavras) 
 





 
 
 
 
 

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