sexta-feira, 16 de agosto de 2013

O FAROL E O MAR




O farol é enamorado pelo mar, faz de tudo para seduzi-lo; todos os dias envia sinais, alertas, avisos, pra ele não se machucar; mas o faceiro mar só quer se aventurar, não quer ficar em um só lugar; quer percorrer distâncias inimagináveis bem longe do farol.
 
O farol sedento, cansado, cede aos seus apelos, e se sujeita aos seus vagos açoites, afagos, apenas nos momentos que ele está irado, rugindo, espumando, e o acaricia com a fartura das suas vagas; mas essa tempestade só dura só por alguns momentos; logo vem a bonança;  e o mar se esvai, o seu ardor baixa de intensidade, e o farol só tem ao seu lado a sequidão, a visão de um deserto, as conchas, as algas e a relíquia, a especial estrela do mar, relembram que ali esteve o seu amado, o oscilante mar, a sonhar.
 
O farol nostálgico espera que o vento impetuoso e a chuva sejam os seus cúmplices e colaborem para trazer de volta o seu amado pra perto dele; enquanto isso não ocorre ele tem que conviver com a saudade, a grande expectativa, que um dia, o seu amado possa voltar, tocá-lo intensamente, nem que seja apenas com suas marolas, fraquezas;  doces afagos, pra alegrá-lo mais um vez...
 
O farol tem que ser paciente e ainda se sujeitar a conviver com os caprichos do soberbo faroleiro, que insiste em querer comandá-lo, tocá-lo, ensiná-lo a arte de  seu ofício, ser luz, guia, direção...
 
Se não tem mar, como pode ter embarcações, viagens?
 
O incauto faroleiro não sabe discernir o que é sombra o que é mar; trôpego, anda com uma garrafa de vinho, trocando, mais uma vez,  as pernas;  durítia é o seu declínio, cai, estatelado no chão,  beija a areia pensando que está beijando o mar; a cobiça, o vício cegou-o completamente, jamais poderá entender o amor ágape que nutre e abastece o farol pelo impetuoso mar...
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 



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