domingo, 18 de agosto de 2013

A ILUSÃO DO CALÇADO ADEQUADO

 


Na outra semana, estava trabalhando, andando, e me detive em frente a uma loja de calçados, a observar um par de sandálias, que era do jeito que eu gosto, simples, aparentemente confortável; entrei na loja, experimentei, não demorei muito, e já comprei as sandálias.

No outro dia, toda alegre e faceira, já estreei elas; mas quando comecei a andar, fui observando que  foi me incomodando um pouco; mas preferi nem dar importância aos apelos dos pés,  do meu organismo...Mais tarde quando cheguei em casa, observei que as  sandálias tinham provocado bolhas nos dedos dos dois pés; mesmo  assim, teimosa, no outro dia eu fui trabalhar calçada com elas; a dor foi piorando muito e ao final do dia, já não estava aguentando mais andar; os meus pés estavam em uma situação calamitosa, as bolhas tinham estourado, e já estavam feridos os meus dedos.

Meditando sobre o que tinha ocorrido comigo, percebi que as bolhas, os incômodos e depois as dores, foram sinais do meu organismo me alertando que alguma coisa estava errada; e mesmo assim eu continuei insistindo em usar e andar com as belas sandálias.

Percebo, que muitas vezes, agimos do mesmo jeito em nossa vida sentimental, conhecemos alguém, por quem nos atraímos de alguma maneira, ficamos entusiasmada,  e nos entregamos, sem reservas, com todo nosso coração,  toda  a nossa alma; mesmo quando começamos perceber  sinais, alertas, que nos avisam que algo  não está se encaixando naquele lindo sonho de amor que tanto almejamos.

Começamos a sentir um mal estar junto aquela pessoa, uma rejeição ao que ela está falando, nos contando; pois começamos a perceber, as mentiras, as lacunas não preenchidas; as oscilações de humores, comportamentos escusos; mesmo assim continuamos, seguimos em frente; nos inebriamos pela sua voz, seu olhar, seu jeito...

Se você observar apuradamente todo Don Juan, conquistador, tem uma lábia ímpar;  ele não precisa ter uma esmerada beleza, nem tampouco ter fama,  uma conta polpuda; porque a  isca é a sua conversa; ele conquista qualquer mulher apenas falando, falando, fazendo um tipo tupiniquim de carente, desprezado, de vítima, que não teve carinho de sua mãe, nem tampouco das outras madrastas mulheres, bruxas que infernizaram a sua vida; ele tão bonzinho, bobinho;  elas não prestavam, mas ele era apenas o sofrido menino, neném, carente, pedinte.

E nós, mulheres vividas, aparentemente maduras, bem sucedidas,  inteligentes, ainda caímos nesse tipo de lábia tão chinfrim;  não dando ouvidos a nossa intuição feminina tão apurada; aos apelos da nossa consciência, nem aos apelos do Espírito Santo, que nos alerta que estamos caminhando por uma encruzilhada, à beira de um abismo.

A ilusão do calçado adequado ainda permeia a nossa mente; mesmo que faça calos, bolhas, ferimentos, dores e até algo pior;  a ilusão do príncipe encantado; desencantado, se desfaz no pulo do sapo a nos assustar, envenenar.
 
Alerta, mulheres, ao primeiro sinal de ataque invasivo, se revistam de orações, clamores e muito discernimento espiritual; não errem,  na escolha do seu parceiro, aquele, com quem você compartilhará a sua vida e seus maiores sonhos...

Uma par de sandálias é fácil se desvencilhar, jogar fora, no lixo; mas um relacionamento amoroso mal sucedido é uma ferida que pode doer, sangrar,  por toda vida.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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