O pássaro dourado pousou inesperadamente no braço de uma menina estranha e tristonha; e a partir desse dia, ele fez morada eterna no ninho do coração irrequieto e sofredor dela; morador cativo do seu refúgio, casa, o pássaro tinha uma chave de ouro que abria a sua gaiola; voava e voltava, quando queria; voar era o seu maior passaporte, conquistar era o seu maior troféu; ele foi o vencedor do amor, que se incrustou no jardim da saudade, que a menina assiduamente andava solitária, procurando desvendar, zelar...
Todos os dias a menina espreitava o céu, a procura de um sinal que lhe revelasse qual o dia, que seu pássaro oscilante voltaria pra o seu leito coberto de jasmim, flor que a menina colheu no seu jardim, para perfumar a sua morada, celebrando a sua chegada; mas o inusitado ocorreu, a porta da gaiola ficou tatuada, marcada com o sangue do seu sangue, do espinho que ficou fincado no seu dedo, pra relembrá-la de sua semeadura tardia.
O amor é como um pássaro dourado que jamais pode ser contido no espaço pequeno, apertado de um coração humano, gaiola abstrata; ele sempre está voando rumo a outra paragem, lugar; paraíso disponível, a quem tem coragem de vencer os emaranhados liames que nos prende, tolhe, aos apegos terrenos...
A eternidade é verdadeira morada do pássaro dourado; ele, com seu canto mavioso, tenta deixar o seu rastro de sabedoria onde voa, pousa, cativa...
A menina tristonha e estranha foi a escolhida pra divulgar as boas novas pra o seu próximo; perpetuar essa verdade, apesar da saudade, da dor de amá-lo verdadeiramente, e vê-lo partir mais uma vez...
http://www.youtube.com/watch?v=Hmy5yLJMD2k
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