quarta-feira, 21 de agosto de 2013

A SOMBRA DO PÁSSARO DOURADO





O pássaro dourado pousou inesperadamente no braço de uma menina estranha e tristonha; e a partir desse dia,  ele fez morada eterna no ninho do coração irrequieto e sofredor dela; morador cativo do seu refúgio, casa, o pássaro tinha uma chave de ouro que abria a sua gaiola; voava e voltava, quando queria; voar era o seu maior passaporte, conquistar era o seu maior troféu; ele foi o vencedor do amor, que se incrustou no jardim da saudade, que a menina assiduamente andava solitária, procurando desvendar, zelar...

Todos os dias a menina espreitava o céu, a procura de um sinal que lhe revelasse qual o dia, que seu pássaro oscilante voltaria pra o seu leito coberto de jasmim, flor que a menina colheu no seu jardim,  para perfumar a sua morada, celebrando a sua chegada; mas o inusitado ocorreu, a porta da gaiola ficou tatuada, marcada com o sangue do seu sangue, do espinho que  ficou fincado no seu dedo,  pra relembrá-la  de sua semeadura tardia.

O amor é  como um pássaro dourado que jamais pode ser  contido no espaço pequeno, apertado de um coração humano, gaiola abstrata; ele sempre está voando rumo a outra paragem, lugar; paraíso disponível, a quem tem coragem de vencer os emaranhados liames que nos prende, tolhe, aos apegos terrenos...

A eternidade é verdadeira morada do pássaro dourado; ele, com seu canto mavioso, tenta deixar o seu rastro de sabedoria onde voa, pousa, cativa...

A menina tristonha e estranha foi a escolhida pra divulgar as boas novas  pra o seu próximo; perpetuar essa verdade, apesar da saudade, da dor de amá-lo verdadeiramente, e vê-lo partir mais uma vez...



http://www.youtube.com/watch?v=Hmy5yLJMD2k
 
 
 
 
 
 
 

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