Uma certa vez li um conto que descrevia a vida de um corvo, que ao enxergar a sua sombra, começou a bicar a si próprio até sangrar; ele não aguentou enxergar a sua feiura, nem conviver com sua abjeta realidade de ser sem resplandecer.
Quantas vezes agimos igual a esse corvo, e ferimos a nós mesmos, não querendo enxergar a nossa verdadeira face, o nosso íntimo, sem disfarces, máscaras...
A verdade dói e tem poucos amigos, já sabiamente proferia Santo Agostinho; preferimos nos esconder na massificação imposta pela sociedade consumista e materialista; que te enxerga apenas como mais um número, mais um cego, mais um entorpecido, que foge da dura realidade de enxergar o seu verdadeiro eu tão fragmentado e imperfeito.
Um eu completamente escravo aos apelos de sua carne e da influência do seu maior algoz, não, o seu próximo, e sim, ele mesmo, aquele que bica a si próprio, fere, sangra a sua própria carne; e ainda disfarça a ferida de sua alma, usando subterfúgios pra fugir de sua real imagem refletida; evitando assim um verdadeiro encontro consigo mesmo, com sua sombra.
Ele vive por viver sem dar atenção aos apelos de sua consciência, o pior não quer ouvir os apelos de Deus... o seu eu, ser repulsivo, encolhido, que prefere representar uma farsa, vivendo impregnado com uma ânsia compulsiva de ter, ter sexo, ter companhia, ter drogas, ter bebidas, ter fama, ter poder, ter dinheiro, ter carros... ter...sempre ter...sem ser!
Até quando? O corvo bicará a si próprio???
Fugindo de sua realidade, sombra?
Vivendo, se deleitando, nas carniças da morte... pensando que essa negritude, podridão é a verdadeira vida??
Ακόμα και όταν η τυφλή agonizará κοράκι στο σκοτάδι;
Nenhum comentário:
Postar um comentário